Ouvir não é Escutar

E o “Ser” que ouve quieto não entende bem, mas só lhe cabe ouvir, nem escutar é possível.Pois quando se escuta algo é sinal que depois haverá um sentindo nas palavras somadas que fará com que tudo tenha valido a pena.Mas quando apenas se ouve é como um desfilar de palavras inúteis e desconexas, que na verdade não fazem nenhum bem, apenas como algo que esbofeteia e não deixando marcas visíveis chicoteia alma a cada segundo que o eco passa na mente que nunca para nem sonega.E o ser ali como um pedaço de carne apenas, ouve e ouve e ouve...Ao retorno do silencio um longo suspiro emana como se força retirasse do nada.Mas não é apenas não ouvir mais, é parar de sentir.Não há vontade para que se levante e se lance em passos pondo o corpo sobre as pernas, fazendo o movimento do girar dos calcanhares...O “Ser” não quer mais nada, nem ouvir, nem sentir, nem viver... mas não tem escolha porque não lhe pertence o controle.Então de um salto se poe de pé, caminha ate a torneira que tem ali perto no alto e abre exatamente sobre o rosto, fechando os olhos recebe o jato gelado, molha a nunca, os cabelos. Fecha a torneira, sacode os cabelos como fazem os cães após o banho , respirar fundo , pega dois chumaços de algodão que carrega no bolso, envia no ouvido e assim para de ouvir porque na verdade mesmo agora ele só quer ouvir a voz do próprio coração.Catiaho Alcântara 08 de janeiro de 2008 1903hs