Reflexão em Essência Compartilhada

segunda-feira, 3 de março de 2008

Ob-servar e Ab-sorver










Extrair dos seres o que tem de melhor e de pior é algo extraordinário.

Quando me ponho a observar alguém pelo ato de olhar, esteja eu onde estiver sentada, de pé, parada ou caminhando, mas sempre observando, nunca deixo de me comover.

Lendo percebo a forma de andar, a postura, as formas de deixar os braços mãos e pernas ai longo do corpo.

As marcas do tempo na pele, nos traços, marcas da própria vida.

Os olhos muitas vezes furtivos escondem ou tentam se mostrar

Encantada não posso me fixar e uma só pessoa porque eles passam rápidos, eu é que me deixo ficar ali absorvendo.

Percebo também que conforme minha necessidade de algo especifico alheio a minha compreensão vou vendo seguidamente muito seres com as mesmas características. Me lembro que há dias que me parece que a cada dez pessoas observo que ter pessoas tem falta de algum membro: pernas, braços, dedos.

Outros dias em cada grupo de dez vejo pelo menos dois deficientes visuais estão sozinhas ou acompanhadas, com bengala, cão guia ou guiada por outros. Nesse dia parece que em todos os lugares há pessoas que tem dificuldade em ver.

Mas a algo tão diversificado eu por vezes são mulheres com vários filhos e filhas ou filhos ou filhas e foi lembrando da minha família seis filhos em escadinha sendo arrastados em fila pelas ruas e avenidas.

Mas a ultima vez que me detive assim nessas observações eu me fixava em casais de todos os tipo, me parecia que o mundo anda em pares, seja m de home e mulher, mulher e mulher, homem e home, mas aos pares e de mãos dadas. Nessa incursão eu guardei algo especial.Estava em Niterói indo para o Rio e precisava correr para ver com meus olhos um citação a meu nome em uma mostra de fotos em um shopping de Niterói.Não havia ode estacionar, portanto eu tinha poucos minutos para sair do carro, correr ate o terceiro andar do shopping , conferir a mostrar, ver o que me dizia respeito, fotografar, descer correndo porque meu par já teria dado a volta umas duas vezes no quarteirão e estaria a minha espera.Mas cheguei primeiro EME pus a aguardar atenta.Nesse dia os casais eram muitos, pareciam estar por toda parte.Mas um me chamou total atenção e me faz entrar em quarta parede, somente eu e eles.Eles iam de mãos dadas e discutiam, num em peto ele largou balançou as mãos dadas e dizia:

-Eu sou irresponsável?

Ela disse alto quase gritando

- Sim!E ir-res-pon-sá-vel!!!!

Ele largou a mão com atitude

- Você sim é irresponsável.

Ela gritou

- Tem certeza?

Ele disse

- Quer que eu diga aqui?

Ela disse

- Dane-se você seu....

Ele me pareceu parar de pensar, onde estavam não importava mais, então explodiu

- Irresponsável é você sua vagabunda que dá pra arrumar dinheiro pra poder cheirar!!!!Cheirar ouviu?Você dá pra cheirar!!!

Nesse momento meu mundo girou, senti um redemoinho me tomar e passei para cima vendo a cena por cima: todos passando sem nem notar o que acontecia, os próximos passavam rápido pra se livrarem, a mulher perplexa diante da sua verdade exposta, o homem liberto pelas palavras e eu ali

Olhando... vi meu par que chegava.

Só tive tempo de descer voltar a meu corpo que ali estivera estática e envolvida corri para o carro pronta para enfrentar a ponte Rio Niterói.

O casal?

Já havia tomado seu rumo, se é que existiram mesmo e não foi só fruto da minha imaginação de poeta.

Mas em mim ficaram gravados em cores e sons.

Isso sempre me acontece quando me exponho e me ponho apenas a observar e absorver.






Catiaho Alcantara
















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